Acidente custa até R$ 421 mil

19/02/2015 07:37 - O Tempo - BH / Aqui - MG

Os gastos com mortos e feridos decorrentes de acidentes de trânsito no Brasil subiram quase três vezes em 12 anos. Enquanto, em 2001, foram utilizados R$ 5,4 bilhões com essas vítimas, em 2012 esse valor saltou para R$ 16,1 bilhões. Os dados foram apresentados no estudo Retrato da Segurança Viária no Brasil, divulgado nesta quarta pela Falconi Consultores de Resultado e pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).

O levantamento foi baseado na pesquisa Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Rodovias Brasileiras, realizada pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) em 2006. Conforme o estudo, cada acidente em vias federais e estaduais com feridos custa cerca de R$ 90 mil, enquanto os com mortos chegam a R$ 421 mil.

Em 2012, último ano avaliado pelo Retrato da Segurança Viária, foram gastos no país R$ 10,7 bilhões só com os mais de 45 mil óbitos em colisões de trânsito. Já os mais de 177 mil feridos contabilizados no mesmo ano consumiram R$ 5,4 bilhões.

Para efeito de comparação, esse custo é tão elevado que somente 35 dos 5.570 municípios brasileiros possuem Produto Interno Bruto (PIB) superior a R$ 16,2 bilhões. A região que consome maior percentual de seu PIB com acidentes viários é o Nordeste, seguida do Norte. Nas regiões mais ricas, essa proporção é menor. No Sudeste, foram utilizados 0,26% do PIB, que é superior a R$ 2,2 bilhões.

Responsável pelo setor de pesquisa e desenvolvimento do ONSV, Paulo Guimarães acredita que o aumento no número de acidentes e de despesas coloca o país na contramão de um pacto firmado com a ONU, do qual o Brasil foi signatário em 2010, dentro das iniciativas da Década Mundial de Ações para Segurança no Trânsito.

O Brasil se comprometeu a reduzir em 50% o número de mortes até 2020, mas se nada for feito nos próximos cinco anos, não só não vamos conseguir como vamos dobrar essa trágica estatística, afirmou.

Trânsito vai matar mais que diabetes e hipertensão

Em 2030, os acidentes de trânsito deverão se tornar a sétima maior causa de mortes em todo o mundo, matando mais que doenças como diabetes e hipertensão. A previsão é da Organização Mundial de Saúde (OMS) e integra o estudo Retrato da Segurança Viária no Brasil, divulgado nesta quarta.

Em 2012, último ano analisado pelo levantamento, as colisões eram a nona causa global de óbitos o que correspondia a 2,5% de todas as mortes do planeta. Esse percentual deve alcançar 2,6% em 2030.

Por dia, 3.400 pessoas morrem em acidentes de trânsito no mundo. Ao ano, são mais de 1,3 milhão de vítimas, enquanto cerca de 50 milhões ficam feridas.

Risco maior para motociclistas

Ao analisar a distribuição dos óbitos por meio de transporte no país, excluídos os casos em que o veículo não foi especificado, o Retrato da Segurança Viária no Brasil mostra que a proporção de óbitos de 2001 a 2012 cresceu 140% entre motociclistas o perfil de maior risco do país , passando de 15% para 36%. Entre usuários de automóveis, a proporção manteve-se praticamente estável, de 30% para 31%, e diminuiu 42% entre pedestres e ciclistas, de 52% para 30%.

Asfalto em menos de 50% das vias

São pavimentados apenas 47,1% dos 374.849 km de rodovias federais e estaduais do Brasil. Em 2013, a região mais crítica era a Norte dos 62.749 km de estradas que cortam a região, somente 30% estavam pavimentados. Desses, somente 0,4% estavam em ótimas condições. A região mais rica do país, o Sudeste, soma 47.369 km de autoestradas pavimentadas, dos quais 51,4% classificados como ótimo ou bom, e 20,6%, como ruim ou péssimo estado.

Principal morte entre jovens

Os acidentes de trânsito são atualmente a principal causa de morte entre jovens na faixa etária de 15 a 29 anos. Isso significa que cerca de 1,3 milhão de pessoas morrem anualmente nas vias. Por dia, são mais de 3.400 homens, mulheres e crianças levados a óbito enquanto caminham, andam de bicicleta, motocicleta, automóvel ou outros tipos de veículos motorizados. Até 50 milhões de pessoas são feridas a cada ano em todo o planeta devido à insegurança viária.

Jornal Aqui - MG

MG ocupa 2º lugar no ranking de acidentes com morte

Os dados de acidentes com mortes em Belo Horizonte é preocupante. A capital mineira está em terceiro lugar do país como o município com maior índice de ocorrências com óbitos por 10 mil habitantes. O índice da cidade é de 22,5, atrás apenas de Fortaleza, com 27,1, e Recife, com 34,7. Minas Gerais está em segundo lugar em comparação entre os estados. Os números são da pesquisa Retrato da Segurança Viária divulgada ontem. O levantamento mostra os parâmetros entre 2001 e 2012.

Em 2012, conforme a pesquisa, 45,7 mil pessoas morreram no trânsito, o equivalente a uma morte a cada 12 minutos. A Região Sudeste é que apresentou o maior número de óbitos, com 16.133. São Paulo e Minas Gerais lideram o número de mortes no país, com 7.256 e 4.654 cada. Entre 2001 e 2012, todas as regiões do país sofreram aumento em seus indicadores. O Sudeste foi de 18,0 óbitos por 100 mil para 19,8/100 mil habitantes.

As cidades que apresentam a maior taxa de acidentes com óbitos por 100 mil habitantes em Minas Gerais são Curvelo, com índice de 86,7; Itaobim, 81,1; e Manhuaçu, com 77,3. As que apresentaram os menores números foram Lagoa Santa, 1,8; Caeté, com 2,4; e Minas Novas, com 3,2.

O levantamento mostra que os motociclistas são as principais vítimas de acidentes com mortes. De 2001 a 2012, as ocorrências com motos cresceram 140%, passando de 15% para 36%. Entre usuários de automóveis, a proporção se manteve praticamente estável, de 30% para 31% e, entre pedestres e ciclistas, diminuiu de 52% para 30%.

O levantamento foi elaborado a partir do cruzamento de dados de fontes como a Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), da Confederação Nacional do Transporte (CNT), do Datasus – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

ESTRADAS

Ao menos 25 pessoas morreram e 16 ficaram feridas nas rodovias mineiras no período de carnaval – de sexta-feira até o final da noite de anteontem –, segundo balanço parcial feito pela reportagem. Alta velocidade e imprudência causaram grande parte dos acidentes nas estradas que cortam o estado. Anteontem, uma batida entre dois carros deixou dois mortos e três feridos na BR-267, em Campanha, no Sul de Minas. Os dois veículos bateram de frente e um deles ainda foi arremessado contra uma árvore.