01/09/2014 07:15 - Alagoas em Tempo Real
Os assaltos a ônibus têm crescido em proporções assustadoras
na capital alagoana. Somente este ano, no período de janeiro a 13 de agosto, um
total de 770 coletivos foi alvo de ações criminosas. O número, que equivale a
uma média de 100 assaltos por mês, já representa 80% dos casos registrados em
todo o ano passado, em que houve 900 ocorrências.
Segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes
Rodoviários de Alagoas (Sinttro), os bairros que concentram a grande parte
desses mesmos delitos são Cambona, Clima Bom, Fernão Velho, Rio Novo e Santa
Amélia, que correspondem a região onde opera a empresa São Francisco,
responsável por 331 casos em 2014, com média de 47 assaltos mensais.
A entidade aponta a viação da Real Alagoas como a segunda
colocada nas estatísticas atuais, somando 156 crimes e uma média de 22 assaltos
por mês; em seguida surge a Veleiro, com 142 roubos (20 de média mensal); o
Grupo Piedade teve 141 invasões (20 de média); enquanto que a Piedade, Massayo
e Cidade de Maceió registraram os menores índices, marcando 45, 29 e 67
assaltos - respectivamente - ao longo dos últimos oito meses.
"A insegurança e a impunidade são tantas que a categoria
trabalha tensa. Os rodoviários saem de casa, mas não sabem se voltam, porque o
risco é grande no sistema de transporte público urbano", disse o presidente do
Sinttro/AL, Écio Ângelo, em entrevista ao Jornal Alagoas em Tempo.
Ele chama atenção para a abordagem do policiamento ostensivo, que estaria sendo
feita de maneira inadequada. Para ele, "a Polícia Ostensiva faz de conta
que efetua abordagem, e isso é muito bom para os meliantes. Os policiais apenas
anotam o nome do motorista e colocam no boletim como se tivesse feito a
abordagem", denunciou. "Se eles atuassem mais nas abordagens com
certeza iria amenizar", sugeriu.
O presidente do sindicato denuncia também a falta de estrutura do 9º Distrito, delegacia
responsável por investigar esse tipo de crime. "O lugar não tem a mínima
estrutura. Há necessidade, por exemplo, de motocicletas para ajudar nas
diligências, como também tabletes para a equipe acessar o sistema de
averiguação”, reclamou.
O cobrador da Veleiro, José Cleiton de souza, afirma que
sofreu 13 assaltos em um perído de sete anos de profissão. "A gente
fica meio frustrado, em pânico, é uma
insegurança muito grande. Para nós, não existe ir trabalhar sem medo. A gente
já sai temendo o que pode acontecer mais tarde", declarou.
Os passageiros também andam amedrontados. É o caso da
usuária Joseane Lima, empregada doméstica. "Levo na bolsa o mínimo de coisas
possíveis com medo de ser atacada a qualquer instante”, desabafa ela, que
depende do transportes público.
Écio Ângelo acredita que os problemas que afligem a
sociedade, no que diz respeito à insegurança pública, são reflexos do Código
Penal, o qual ele considera arcaico. "É um código de 70 anos, não condiz mais
com a realidade atual. A polícia prende e se o individuo for menor de idade no
outro dia está solto, então é preciso modificar isso, além de investir em
políticas públicas.”, refletiu.
Com o objetivo de cobrar e discutir soluções para reduzir os
assaltos a ônibus em Maceió, a
categoria vem tentando agendar uma reunião com Comando do Policiamento da Capital (CPC),
responsável pela operação "Coletivo Mais
Seguro”, lançada em maio para conter os assaltos através de abordagens aos
coletivos . "A situação é preocupante. Desde maio, estamos tentando se reunir com CPC para discutir estratégias,
e não temos obtido êxito", contou Écio.