Vereadores aprovam projeto que proíbe uso do Uber em São Paulo

01/07/2015 07:05 - O Estado de SP / Jornal de Brasília

SÃO PAULO - Após longa discussão e sob clima de tensão e confusão, vereadores da Câmara Municipal aprovaram o projeto que proíbe o uso do aplicativo Uber na cidade. Foram 48 votos a favor e 1 contra. Ainda é preciso a aprovação do texto em segunda votação – prevista para agosto –, antes de o texto ser enviado para o prefeito Fernando Haddad (PT).

O aplicativo permite que motoristas sem autorização ou cadastro no Município prestem serviço aos usuários. O Uber informou que vai continuar operando em São Paulo até a decisão final do Executivo.

O projeto aprovado nesta terça-feira, 30, é do vereador Adilson Amadeu (PTB) e também prevê a proibição da parceria entre empresas administradoras dos aplicativos com estabelecimentos comerciais. Se aprovado, o motorista que descumprir a regra pagará multa de R$ 1,7 mil, além de ter o veículo apreendido e sofrer outras sanções.

Discussão. Quem usa o aplicativo elogia o serviço pela agilidade e conforto da maioria dos veículos usados (automóveis de luxo). Mas os taxistas argumentam que é uma competição injusta, pois os motoristas do Uber não pagam impostos e também não passam por fiscalizações, o que pode até diminuir o preço, mas compromete a segurança dos passageiros.

Antes e durante a sessão, cerca de mil taxistas acompanharam as discussões no auditório externo. Muitos ficaram na calçada. O Viaduto Jacareí foi ocupado por mais de 300 carros. O trânsito teve de ser desviado. A cada discurso de um parlamentar favorável ao projeto, gritos de taxistas eram ouvidos.

O vereador Milton Leite (DEM) fez parte da maioria dos parlamentares contrários à liberação do aplicativo. Ele disse em seu discurso que o Uber "é uma ofensa à estrutura do sistema de transporte público da cidade”. E afirmou que é preciso respeitar as regras atuais.

Já o vereador José Police Neto (PSD) fez discurso favorável ao uso do aplicativo. Segundo ele, é preciso olhar o que o avanço tecnológico do Uber pode trazer de benefícios ao cidadão. "O Plano Diretor prevê, no artigo 254, o compartilhamento de automóveis como meio de reduzir o número de veículos em circulação. Por isso, sou contrário ao sistema arcaico que existe hoje que permite a apenas uma categoria trabalhar.”

No plenário, taxistas e usuários do aplicativo dividiam o espaço. Na entrada, os motoristas começaram a gritar "Fora, Uber”, como forma de pressionar os vereadores a proibirem o uso do aplicativo na cidade.

O taxista Alexandre Dias, de 40 anos, diz que o uso do Uber prejudica toda a categoria. "Não faz sentido outros motoristas sem nenhum tipo de fiscalização, que não são profissionais, trabalharem desse jeito.”

Em nota, a empresa informou que começou nesta terça uma campanha para que os usuários do aplicativo dessem opinião sobre o serviço. Cerca de 200 mil e-mails foram encaminhados para a Câmara Municipal. "O que mostra que milhares de pessoas querem garantir o seu direito de escolha”, diz a nota. A empresa está no País desde maio do ano passado.

Confusão. Na tarde desta terça, dois integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL), favoráveis ao Uber, foram hostilizados na frente da Câmara. Enquanto davam entrevista para a TV Gazeta, um grupo de taxistas começou a jogar ovos contra eles. "Levei chutes e tapas. Estávamos explicando que beneficia o consumidor. Aí, os sindicalistas começaram a nos hostilizar”, contou Fernando Holiday, que é coordenador nacional do movimento. O colega dele, Alexandre Júlio, também diz que foi agredido.

Guardas municipais e policiais militares separaram a briga. Os PMs usaram gás pimenta e os integrantes do movimento foram embora, por questão de segurança.

Jornal de Brasília

Maioria dos distritais aprova proibição do Uber

A pressão dos taxistas contra o Uber deu resultados, pelo menos na Câmara Legislativa. Os deputados aprovaram um projeto que proíbe a utilização do aplicativo de celular  cuja proposta é oferecer transporte mais barato e com qualidade elogiada pelos usuários.

Não é apenas no Brasil que os motoristas têm feito barulho contra a ferramenta. Manifestações parecidas já ocorreram em Londres, Índia e França. Em todas elas, o motivo é o mesmo: os taxistas se sentem prejudicados, já que o Uber ainda não tem regulamentação em nenhum dos países citados.

Os motoristas de táxi reclamaram com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) na segunda- feira e ontem foi a vez de ir até a Câmara Legislativa.

 Com as tribunas cheias, os taxistas pediam aos parlamentares que o aplicativo fosse proibido. O projeto de lei que veta o Uber foi proposto pelo deputado Rodrigo Delmasso (PTN), sob a justificativa de atrapalhar os táxis e garantir a segurança dos passageiros. "Os motoristas estavam sendo achavados por esse serviço pirata”, criticou.

 O resultado foi a aprovação da proposta por 17 dos 24 deputados. No entanto, a proibição do Uber espera ainda a sanção do governador, que não tem prazo para ocorrer.

A Secretaria de Mobilidade já se manifestou contra o aplicativo e falou até em aplicação de multa de até R$ 2 mil, caso um motorista fosse pego pela fiscalização.

Mobilização em São Paulo

A página do Uber no Facebook fez uma convocação para evitar que a Câmara Municipal de São Paulo fizesse o mesmo. Os usuários foram convocados a mandar e-mails a todos os vereadores pedindo a liberação. Mais de 200 mil mensagens foram enviadas em 24h.

 

Na capital paulista, o serviço chegou a sofrer interrupção em maio, por conta de uma decisão judicial que proibia a disponibilização do Uber nas lojas de aplicativos. A empresa  conseguiu derrubar a ação e continua em atividade.