30/10/2014 07:15 - O Globo
O índice de poluição do ar no Estado do Rio de Janeiro
supera em duas vezes o tolerado pela Organização Mundial da Saúde ( OMS). A
constatação foi feita pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS) a partir de
estudo realizado entre 2006 e 2012 e apresentado ontem para especialistas em
saúde e meio ambiente. De acordo com o relatório, as cidades de Duque de
Caxias, Itaboraí, Nova Iguaçu, Macuco, Resende e Porto Real figuram entre as
mais poluídas. Já aquelas com maior risco de morte por doenças relacionadas ao
ar poluído são Macuco, Duque de Caxias, Itaboraí, Barra Mansa e a capital, por
apresentarem fatores populacionais de risco, como grande número de crianças e
idosos, que são mais sensíveis aos efeitos da poluição.
CUSTO DE R$ 82 MILHÕES
O documento aponta que houve 36.194 mortes e 65.102
internações na rede pública ocasionadas pela poluição no período de abrangência
do estudo, com custo de R$ 82 milhões para a rede pública.
Em 2011, o número de mortes atribuídas à poluição no estado
foi cerca de 1,5 vezes maior que os 3.044 óbitos por acidentes de trânsito,
quase três vezes mais que as mortes por câncer de mama ou decorrentes da Aids e
quase sete vezes maior que falecimentos por câncer de próstata.
No estado, o nível de poluição por material particulado, um
dos poluentes mais relevantes do ponto de vista da saúde, está elevado para
todos os anos avaliados. A Região Metropolitana apresenta os maiores níveis,
superando a média.
O estudo, porém, contrasta com a metodologia adotada no
Brasil pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que considera
aceitáveis os padrões de poluição do ar no Rio. Além de afirmar que os dados do
Conama estão defasados, o ISS aponta que políticas como o Programa Nacional de
Controle da Qualidade do Ar, estabelecido há 25 anos, nunca saíram do papel.
Segundo o ISS, o monitoramento de poluição no ar é feito em 1,7% dos municípios
brasileiros.