Para reforçar caixa, governo estuda cobrar em leilão de portos

28/05/2015 08:18 - O Globo

Para arrecadar mais, o governo planeja cobrar outorga das empresas que vencerem o leilão de portos. A lei hoje prevê os critérios de menor tarifa ou maior movimentação de cargas para determinar o vencedor. -BRASÍLIA- O governo discute e pode alterar, com a publicação de decreto, a política de investimentos em portos para reforçar o caixa do Tesouro. A equipe econômica pressiona para que, no programa de concessões a ser lançado dia 9, seja prevista a arrecadação de outorgas dos novos portos. A proposta vai no sentido contrário da Medida Provisória 579, convertida na lei 12.815 de 2013. A lei foi debatida no Congresso e tem como um de seus pilares o artigo que diz que "nas licitações dos contratos de concessão e arrendamento, serão considerados como critérios para julgamento, de forma isolada ou combinada, a maior capacidade de movimentação, a menor tarifa ou o menor tempo de movimentação de carga, e outros estabelecidos no edital, na forma do regulamento”.

A área econômica encontrou no fim do artigo uma brecha para a publicação do decreto. Técnicos do governo veem que o apetite por novos portos suporta a cobrança. Depois que a lei entrou em vigor, já foram aprovados R$ 13 bilhões em investimentos novos privados. Para os primeiros arrendamentos de portos públicos — autorizados pelo TCU no mês passado, após quase dois anos — que serão licitados em Santos e no Pará, a regra não será alterada. Eles serão licitados no modelo anterior, sem outorga. A cobrança passaria a ocorrer no segundo bloco, que será reformulado em relação ao que foi lançado em 2012, para privilegiar investimentos totalmente novos ( no jargão do setor).

O governo avançou no debate sobre a concessão de trechos da ferrovia Norte-Sul, tema de reunião entre quatro ministros e representantes de Caixa e Banco do Brasil, no Palácio do Planalto. O governo avalia cobrar outorga de quem assumir trechos prontos ou por concluir até 2016.

O Planejamento indicou contar com mais receitas de outorgas ao elevar de R$ 15,2 bilhões para R$ 18,1 bilhões a arrecadação de concessões em 2015, na revisão orçamentária feita quinta-feira.

O governo fecha os detalhes sobre o financiamento. Ao contrário do que se considerava antes, diante do ajuste fiscal, avalia-se, agora, financiar em até 70% com recursos do BNDES empreendimentos novos em ferrovias, mais arriscados, deixando projetos onde já há infraestrutura, como rodovias e ferrovias existentes, na busca por crédito via debêntures (títulos de dívida). O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que o governo usará nova regra de acesso das empresas a linhas mais baratas, corrigidas pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP):

— Quanto mais se emitir debêntures de infraestrutura, mais acesso será dado a linhas com TJLP. Na área de infraestrutura, os projetos são heterogêneos. Os casos de ferrovias, portos, aeroportos e rodovias são diferenciados. Vamos colocar condições específicas a cada segmento.