28/03/2015 09:00 - A Tribuna RJ
Encarada como a principal alternativa para solucionar a
imensa demanda da mobilidade urbana entre Niterói e São Gonçalo – estipulada
segundo pesquisa revelada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em cerca de 120 mil pessoas diariamente – além de Itaboraí,
a construção da Linha 3 é observada com cautela por especialistas em transporte
no Rio de Janeiro. Engenheiros e investidores que integram o Conselho
Empresarial de Logística e Transporte da Associação Comercial do Rio de Janeiro
(ACRJ) acreditam que as intervenções causadas na BR-101 e na RJ-104 podem, ao
invés de contornar os transtornos causados pelo tráfego, agravá-los.
O projeto inicial proposto pelo Governo do Estado era a
implantação da Linha 3 ligando o Centro de Niterói a São Gonçalo, por meio de
sistema de monotrilho num traçado de 22 quilômetros. No entanto, alegando
dificuldades financeiras devido ao momento de retração no panorama econômico
nacional, o poder público sinalizou a possibilidade de substituir o projeto
para a construção de um BRT.
No entanto, a nova proposta do poder público para a Linha 3
vem gerando preocupação para o Conselho Empresarial de Logística e Transporte
da ACRJ, que inclui, além de órgãos públicos, empresas do setor, como Metrô
Rio, Supervia e viações de ônibus. Na avaliação de técnicos e engenheiros a
implantação de um corredor viário na BR-101 e na RJ-104 ocuparia uma faixa de
rolamento destinada a veículos pesados, podendo complicar ainda mais o trânsito
na região.
"Pretendemos fazer uma reunião para debater ideias, em
conjunto com o secretário (estadual de Transportes) Carlos Osório, sobre o
projeto da Linha 3. A grande preocupação do nosso conselho, baseado na
avaliação dos nosso técnicos, é que as alterações no plano inicial da linha do
metrô podem não otimizar, mas piorar o trânsito de uma forma geral. A demanda
no transporte é imensa, interditar uma faixa de rolamento causaria impactos
claros”, alertou o presidente do comitê, Eduardo Rebuzzi, prosseguindo. "Além
disso, o prejuízo não estaria restrito apenas ao período das obras. Mas até
mesmo quando o corredor viário fosse concluído”, ponderou.
O encontro estava inicialmente agendado para às 16 horas
desta segunda-feira, mas foi cancelado por motivos ainda não divulgados.
A Secretaria de Estado de Transportes afirmou, através de um comunicado, que "está em andamento o estudo para definir o melhor modal de transporte de alta capacidade para atender os moradores do Leste Metropolitano, com a premissa de melhorar a qualidade do atendimento e aumentar quantidade de passageiros transportados. O estudo está sendo desenvolvido por técnicos da Setrans e considera a situação econômica do país, o Plano Diretor de Transportes Urbanos (PDTU) e a necessidade de implantação de um modal de alta capacidade para o Leste Metropolitano, a única região do Grande Rio que não dispõe de transporte de alta capacidade”.