Veja o vídeo-reportagem gravado no dia do lançamento no 20º Congresso
.Que danos e benefícios ambientais uma cidade teria ao promover uma mudança significativa no uso de modais de transporte? Por exemplo, se 20% das viagens realizadas por automóvel passassem a ser feitas por ônibus? Ou ainda, se houvesse um significativo acréscimo de viagens por bicicleta em detrimento do uso do carro? Quais seriam as mudanças nos consumos de tempo, espaço físico e energia, e na emissão de poluentes?
A
ANTP, em parceria com o WWF-Brasil, desenvolveu um sistema
de simulação para uso público pela Internet que estima os impactos
sociais e ambientais de mudanças no sistema de mobilidade.
O
projeto busca sensibilizar as pessoas e os gestores públicos quanto às grandes
variações que podem ocorrer na mobilidade de uma cidade, aferindo a redução no
tempo gasto nos deslocamentos, a redução no consumo do espaço viário e a
redução no consumo de energia.
O
objetivo: contribuir para as discussões sobre como transformar a mobilidade das
nossas cidades para que elas sejam mais ambientalmente saudáveis e
sustentáveis.
Fizemos
uma entrevista com Eduardo Vasconcellos,
Consultor e Assessor Técnico da ANTP, responsável pelo desenvolvimento do
Simulador.
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ANTP = Qual a
metodologia utilizada para os cálculos realizados pelo simulador?
Eduardo = Usamos os parâmetros e os
dados básicos do Sistema de Informação da Mobilidade da ANTP (SIMOB), que
inclui as 526 cidades com mais de 60 mil habitantes no país. O SIMOB estima, para
cada cidade, qual é o uso atual dos modos de transporte – a pé, de bicicleta,
de ônibus, de automóvel e de motocicleta. A partir da seleção feita pela pessoa
no simulador este transfere a quantidade de viagens proposta e recalcula as
condições de mobilidade da cidade. A partir disto, aparecem as alterações no
consumo de tempo, espaço e energia e na emissão de poluentes locais e de
CO2.
ANTP = O item
"energia" talvez seja o mais difícil de explicar: o que as pessoas (e a
sociedade) ganham reduzindo seu gasto?
Eduardo = O primeiro ganho é para as
pessoas que usam novas formas de transporte, que se reflete em menor gasto
monetário. O segundo ganho é da sociedade, pois a energia é um bem escasso. O
terceiro ganho é o da poluição, pois gastando menos energia a quantidade de
emissão de poluentes e de CO2 é menor.
ANTP = Há
possibilidade de, no futuro, o simulador permitir composições de modais? Por
exemplo, trocar 30% das viagens de carro por 5% de bicicleta, 3% a pé e 22%
ônibus?
Eduardo = Sim, vamos trabalhar nisto
agora e também vamos acrescentar valores monetários a algumas das economias
apontadas.
ANTP = O
simulador evoluirá para cálculos mais refinados? Por exemplo: incluir uma
diferenciação entre combustível fóssil e combustível limpo? Ou dando a opção de
se escolher entre gasolina, diesel e eletricidade? Outra alternativa: a
inserção de sistemas de carros compartilhados ou sistemas de fretamento?
Eduardo = Sim, uma ideia de
complementação é ampliar as simulações para formas alternativas de energia,
assim como de uso de meios/serviços alternativos de transporte.
ANTP = Cidades
médias, onde o uso da bicicleta estava disseminado, vivenciaram o fenômeno da
substituição das magrelas por motocicletas. Rio Claro, interior de São Paulo, é
um exemplo. Pelo simulador, imaginando-se a substituição de 40% das viagens de
bicicletas por motos, tem-se que o único ganho está no tempo (4% no tempo de
deslocamento). O que fazer para mostrar às pessoas a importância dos outros
itens (consumo de espaço viário, gasto de energia, emissão de poluição local e
de gases do efeito estufa)?
Eduardo = Este é o maior desafio. O
parâmetro mais analisado pelas pessoas é o tempo de percurso e é preciso rever
nossos conceitos, ampliando a análise para incluir aspectos sociais e
ambientais da mobilidade. Este esforço vai se juntar a muitos outros que são
feitos por órgãos públicos, por organizações não-governamentais e por
profissionais da área, dentro de um movimento internacional de melhoria da
qualidade da vida nas cidades.
ANTP = André
Nahur, Coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil,
afirma que o objetivo mais importante do simulador é usá-lo para sensibilizar
as pessoas sobre os impactos sociais e ambientais de cada meio de transporte.
Quais outras formas, agregadas ao simulador, poderiam ser utilizadas para se
alcançar esta sensibilização?
Eduardo = A inclusão de outras
simulações e de informações adicionais sobre benefícios de projetos específicos
feitos no Brasil e no exterior.
ANTP = O
simulador pode ser usado para definir um projeto para a cidade?
Eduardo = Não, para isto existem ferramentas e modelos matemáticos específicos. O simulador deve ser usado para entender o tipo e a magnitude dos impactos que surgem quando se provoca uma mudança no sistema de mobilidade. O objetivo é que as pessoas percebam que estas mudanças podem trazer impactos muito negativos – como no caso do uso exagerado ou indevido do automóvel – e impactos muito positivos – como no caso de um aumento dos deslocamentos a pé, em bicicleta ou no transporte coletivo.
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