Uma rede de BRT – Bus Rapid Transit, corredores de ônibus
mais modernos e com maiores velocidade e capacidade, será o principal plano de
ação para melhorar os deslocamentos em Florianópolis e os outros 12 municípios
que foram a região metropolitana.
Nesta sexta-feira, 27 de novembro de 2015, o governo de
Santa Catarina apresentou o PLAMUS – Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da
Grande Florianópolis.
Os estudos, que tiveram duração de dois anos, foram financiados pelo BNDES – Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social.
O relatório final do estudo, ao qual o Blog Ponto de Ônibus
teve acesso na íntegra, revela que 48% dos deslocamentos na Grande
Florianópolis são feitos por transporte motorizado individual.
A Grande Florianópolis reúne 890 mil habitantes em 13
cidades: Águas Mornas, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos, Biguaçu,
Governador Celso Ramos, Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, São
Bonifácio, São José, São Pedro de Alcântara , Rancho Queimado.
O estudo projeta ações para a mobilidade até 2040. Os
investimentos até 2020 devem ser de R$ 3 bilhões, sendo que metade deste valor
será para a implantação dos corredores. A Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana
–Suderf informou que até 2018 parte do
sistema BRT já deve estar em funcionamento.
De acordo com o governo do estado, os estudos apontaram que
um sistema de BRT terá capacidade para ajudar a reverter o quadro e atrair para
o transporte público parte das pessoas que integram este número de 48% dos
deslocamentos diários em meios motorizados individuais.
Num dos trechos do estudo (a íntegra está no link no final
da matéria), os técnicos dizem que também consideraram a possibilidade de
integrar corredores de ônibus ao VLT – Veículo Leve sobre Trilhos e monotrilhos
(trens que circulam em elevados), mas que o custo destes modais seria muito
alto diante da realidade da região, apresentando retorno sócio-econômico
negativo:
"Algumas alternativas
de tecnologias de transporte foram avaliadas para este sistema: BRT2 , BRT +
VLT3 e BRT + Monotrilho. Os resultados das análises do PLAMUS indicaram que
para o caso específico da Grande Florianópolis, dadas as suas características e
prioridades estabelecidas, o sistema BRT se apresentou como a solução que
maximiza o resultado socioeconômico e atende melhor à combinação dos critérios
utilizados para julgamento (...)
Desta forma, para atender
as demandas atuais e futuras (densidade ocupacional, perfil e número de
viagens, etc.), foi proposto um sistema troncal integrado de média capacidade
nos principais eixos metropolitanos da Grande Florianópolis. As tecnologias de
média capacidade consideradas como alternativas de investimento para esse
sistema foram o BRT (Bus Rapid Transit), o VLT (veículo leve sobre trilhos) e o
Monotrilho. A grande vantagem dos sistemas de BRT é seu custo e rapidez de
implantação, muito inferior à dos sistemas sobre trilhos. Sua grande
desvantagem competitiva é o fato de ocupar espaço no sistema viário,
considerado privilégio de uso dos automóveis. Além disso, BRT é uma
nomenclatura generalizada para diferentes sistemas de ônibus operando em faixa
segregada, e seu custo está muito relacionado com o espaço disponível,
necessidade de desapropriação e a característica e capacidade do sistema
proposto. O transporte por VLT inclui diferentes sistemas ferroviários urbanos,
entre os quais figura o bonde moderno (tram), e sistemas de trens em nível ou
elevados (light rail). Os sistemas VLT oferecem elevado conforto aos
passageiros e usualmente apresentam vida útil bastante elevada. Em
contrapartida, exigem investimentos significativos que variam dependendo do
sistema, da infraestrutura necessária e de necessidade de desapropriação. O
Monotrilho consiste em um veículo elétrico que roda sobre pneus em vigas
elevadas, apresentando como vantagem a criação de um novo espaço para
circulação. Entretanto, costumam representar problemas em sua inserção na
paisagem, pois implicam a implantação de infraestrutura aérea e
consequentemente impactam visualmente a cidade. Essas três alternativas foram
comparadas segundo os critérios apresentados com a finalidade de escolher a que
mais se adequa à região. Um dos principais componentes para essa análise é o
retorno socioeconômico que a alternativa oferece, calculado a partir dos
benefícios e investimentos que a mesma gera em comparação ao Cenário Base.
Existem ainda outros benefícios indiretos que não são capturados pelo modelo,
como o ganho potencial do desenvolvimento de novas indústrias, associado à
escolha de um determinado sistema de transporte de massa em detrimento de
outro, já que as análises não comparam, por exemplo, os benefícios econômicos
para a região de uma eventual implantação de uma indústria de vagões versus uma
nova fábrica de ônibus. Em nossa visão, existe uma grande incerteza com relação
à materialização destes eventuais benefícios e, considerando-se os volumes e
dimensionamento do sistema para a Grande Florianópolis, uma elevada dependência
de externalidades para viabilizar tais benefícios adicionais. 42 Nas avaliações
realizadas, o BRT apresentou o melhor resultado de VPL socioeconômico, de R$
415 milhões, ou seja, considerados os benefícios, custos e investimentos, o
cenário gera um retorno positivo para a sociedade mensurado em R$ 415 milhões.
O VPL socioeconômico no caso do VLT é de R$ 672 milhões negativos, enquanto o
Monotrilho apresenta resultado negativo de R$ 1.322 milhões”
O estudo demonstrou também a necessidade de ampliar a malha
cicloviária, hoje de 70 quilômetros, concentrada atualmente na Ilha de Santa
Catarina, mais especificamente na região que abrange o Centro e a Bacia do
Itacorubi.
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Adamo Bazani, jornalista
especializado em transportes