30/10/2014 07:35 - O Estado de SP
SÃO PAULO - Sob um calor de 30°C, Gary Fisher, um dos
criadores da mountain bike, deslocava-se de bicicleta pelo centro de São Paulo,
vestindo um traje que incluía colete e calça social. Nesta quarta-feira, 29, a
reportagem o acompanhou pelas ciclovias da região.
Pela primeira vez no Brasil, ele confere a realidade do
ciclismo no País. Pedalou por vilarejos da Bahia e falou com cicloativistas na
capital paulista, onde nesta quinta deve passear de bicicleta com o prefeito
Fernando Haddad (PT).
Já ouviu que homens que andam muito de bike têm problemas
com a taxa de espermatozoides? "Besteira”, diz o californiano de 64 anos.
"Minha mulher está grávida do meu quinto filho.” Há décadas Fisher anda até
três horas por dia de bicicleta.
Em São Paulo, o americano passou por cafés, sebos, agências
bancárias, livrarias, lojas de roupas. Os proprietários dos estabelecimentos
temeram, meses atrás, perder a clientela com a chegada da via exclusiva e a
consequente extinção das vagas da Zona Azul.
"Comerciantes tiveram incremento de 50% nas vendas após a
criação das ciclovias”, afirma Fisher sobre a experiência de Nova York. "Lá,
agora, todos querem uma ciclovia, porque tornam os lugares mais agradáveis. As
pessoas começaram a sair dos carros e consumir mais.”
Figura descolada, Fisher é tido como um dos melhores
projetistas de bicicletas do mundo. Ele vê semelhanças entre sua cidade, São
Francisco, e São Paulo. "As ciclovias daqui não se conectam muito bem, mas
mudarão, e mais pessoas vão usá-las. Foi assim em Chicago, Nova York e São Francisco.”
Para ele, o investimento em ciclovias deve vir acompanhado de fiscalização
intensa e multas para motoristas que desrespeitam as faixas exclusivas.
Fisher aprovou as ciclovias paulistanas. Mas cobra melhor
segregação da pista de automóveis. Também afirmou que voltará a São Paulo,
quando verá, "com certeza”, mais ciclistas por aí.