01/09/2014 06:54 - The Economist / The City Fix Brasil
No Brasil, de acordo com dados disponíveis no Roads Kill
Map, publicado pelo Pulitzer Center, o índice de mortes por ano é de 22,5 a
cada 100 mil habitantes. Na Suécia, esse número cai para 3 mortes a cada 100
mil pessoas. O artigo abaixo, originalmente publicado no The Economist e traduzido pelo The
City Fix Brasil, fala de algumas das razões por que possivelmente tão
poucas pessoas morrem nas estradas suecas.
No ano passado, 264 pessoas morreram em acidentes de
trânsito na Suécia, um recorde – para baixo. Embora o número de carros em
circulação e o número de milhas dirigidas tenham ambos dobrado desde 1970, o
número de mortes nas estradas caiu quatro quintos (ou 80%) no mesmo período.
Com apenas três mortos a cada 100 mil habitantes por ano, em comparação à média
de 5,5 a cada 100 mil na União Europeia, de 11,4 nos Estados Unidos e de 40 na
República Dominicana, que tem o trânsito mais fatal em todo o mundo, as
estradas da Suécia se tornaram as mais seguras do mundo. Outros lugares, como a
cidade de Nova York, tentam copiar esse sucesso. Como a Suécia fez isso?
Desde que alcançaram um pico em mortes no trânsito na década
de 1970, países ricos melhoraram muito no que diz respeito à redução do número
de acidentes no trânsito. (Países mais pobres, em contraste, têm visto um
constante aumento nessa conta, na medida em que a venda de carros tem
acelerado.) Em 1997 o Parlamento Sueco colocou em vigor o plano Visão Zero,
prometendo eliminar as fatalidades e ferimentos graves nas estradas. "Nós
apenas não aceitamos mortes nas nossas estradas”, declarou Hans Berg, da
agência nacional de transporte. Os suecos acreditam – e agora estão provando –
que é possível ter mobilidade e segurança ao mesmo tempo.
O planejamento desempenhou papel central na redução dos
acidentes. As estradas na Suécia foram construídas com prioridade total à
segurança, em detrimento de espaço ou conveniência. Limites de velocidade
baixos em meio urbano, zonas exclusivas para pedestres e barreiras que separam
fisicamente carros de bicicletas ajudaram. Calcula-se que construção de 1.500
km de estradas "2 + 1” – onde as duas faixas se revezam no uso da terceira para
ultrapassagens – tenha salvado pelo menos 145 vidas ao longo da primeira década
do Visão Zero. E as estimativas apontam que 12.600 cruzamentos mais seguros,
incluindo passarelas para pedestres, quebra-molas e luzes de sinalização, fizeram
cair pela metade o número de mortes de pedestres nos últimos cinco anos. O
policiamento rigoroso também contribuiu: hoje, menos de 0,25% dos motoristas
examinados ultrapassam o limite permitido de álcool no sangue. As mortes de
crianças menores de sete anos despencaram – em 2012, foi apenas uma, em
comparação às 58 de 1970.
Se os suecos algum dia vão atingir a meta de zero mortes nas
estradas? Defensores da segurança viária estão confiantes de que é possível.
Com o número de mortes reduzido pela metade desde 2000, eles estão no caminho.
O próximo passo seria reduzir os erros humanos ainda mais; por exemplo, com
carros que alertam o motorista sobre o perigo de beber e dirigir por meio de
bafômetros embutidos. A implementação rápida de novos sistemas de segurança,
como sinais de alerta para o limite de velocidade ou cintos de segurança
desafivelados, também ajudariam. Eventualmente, os carros talvez possam tirar
de cena o próprio motorista. E isso pode não estar tão longe quanto parece: em
2017, a Volvo, em parceria com o ministério do transporte, deve lançar um
programa piloto de carros que podem circular sem a ação de um motorista. Sem o
risco de motoristas cometerem erros, os carros podem finalmente se tornar o
meio mais seguro de transporte.