28/08/2014 07:45 - Diário do Comércio - MG
O aumento dos congestionamentos nas grandes cidades causa
uma série de prejuízos aos usuários e são gargalos importantes na
infraestrutura de transportes do país. Em Belo Horizonte o problema é latente.
Um ranking elaborado pela empresa de tráfego TomTom mostra que a capital
mineira ficou em sexto lugar na classificação de pior trânsito, com 42% de suas
vias congestionadas durante os horários de pico.
São Paulo surpreendeu, ficando em quarto lugar, com
"apenas" 46% de suas vias congestionadas; seguida pelo Rio de
Janeiro, com 55%. Já Salvador apresentou 59% de trânsito comprometido durante
os horários de pico. Porém, a capital mais congestionada, na comparação com o
total de vias, é Recife, com lentidão em 60% de suas vias nos horários de pico.
Um estudo apresentado pelo economista e professor-titular da
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
(Eaesp/FGV), Marcos Cintra, que utilizou São Paulo como referência, mostrou que
a população da maior metrópole do país perdeu mais de R$ 26 bilhões em um ano
com custos de oportunidade de mão de obra em função dos congestionamentos. Ele
usou como base dados de 2008 e o valor da hora trabalhada da população
economicamente ativa.
Em 2012, quatro anos depois do levantamento de Cintra, o
professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), Antonio Carlos de Moraes, publicou um estudo na revista da Associação
Nacional de Transportes Públicos (ANTP), atualizando esses números: o
paulistano gastou R$ 5,3 bilhões a mais.
E esses números tendem a aumentar, já que de acordo com o
Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), São Paulo, assim como a maior
parte das capitais brasileiras, fechou 2013 com 130 mil novos automóveis
registrados.
Segundo Cintra, os estudos também revelaram os gastos
referentes ao consumo de combustível pelos carros e ônibus e o custo da
poluição decorrentes do congestionamento. De 2008 a 2012, ocorreu um aumento de
R$ 1,3 bilhão, fechando com um valor de R$ 7,8 bilhões.
Ações - Como
forma de atenuar o problema, Cintra propõe uma "revascularização" do
trânsito, investindo em pequenas pontes que usufruam de outras vias que ainda
não são castigadas pelos longos congestionamentos.
"Na capital paulista, são 1.509 quilômetros quadrados,
por onde circulam quase 6 milhões de veículos, ou seja, cerca de 4 mil veículos
por km2. Em Manhattan, com área de 87,5 km2, circula 1,9 milhão de veículos, ou
22 mil carros por km2. Mesmo tendo densidade de veículos 4,5 vezes maior, os
congestionamentos lá são bem menos intensos. Os veículos ocupam de maneira mais
ou menos homogênea toda as vias da ilha, fazendo o trânsito fluir por toda a
superfície com mais velocidade", avaliou.
Alternativas -
Além disso, Cintra listou ações que, segundo ele, a curto, médio e longo prazos
podem diminuir o custo dos congestionamentos para a população de São Paulo, e
que servem também - com as devidas adaptações - para outras cidades. Entre elas
podem ser citadas: maior rigor na fiscalização de veículos velhos e inseguros,
utilizando o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para
desestimular o uso dos mais antigos, que poluem mais; a restrição à circulação
de caminhões de grande porte; investimentos em infraestrutura viária, como
terminais de transbordo, e a realização de parcerias entre os governos federal,
estadual e a iniciativa privada para expansão da malha metroviária.