05/09/2015 08:10 - Folha de SP
Cicloativistas apontam problemas na sinalização da ciclovia
da avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste de São Paulo), onde a modelo e
ciclista Mariana Livinalli Rodriguez, 25, foi atropelada na última terça-feira
(1º).
A jovem, que morreu nesta quinta (3), circulava de bicicleta
quando foi atingida por um ônibus que fazia a conversão na esquina da avenida
Brigadeiro Faria Lima com a rua Chopin Tavares de Lima, em Pinheiros.
Mariana sofreu traumatismo craniano e estava na UTI do
Hospital das Clínicas.
Segundo a Secretaria da Segurança, a modelo seguia pela
ciclovia e colidiu com o para-choque esquerdo do ônibus, caindo e batendo a
cabeça.
Os peritos informaram aos policiais que é possível que a modelo não tenha observado o semáforo para bicicletas. O motorista do ônibus disse à polícia que o semáforo estava aberto para ele.
Para o diretor da Ciclocidade, Daniel Guth, a sinalização
naquele cruzamento específico pode gerar confusão.
"Naquele ponto, o sinal para os carros está verde,
então eles continuam seguindo reto, e para o ciclista está vermelho porque
abriu pros demais veículos fazerem conversão", diz.
"Se o ciclista está acompanhando o movimento dos
carros, pode acontecer de achar que está verde para ele."
Guth afirma que poderia ser criada uma solução como uma
lombada, para que os ônibus fizessem a conversão em menor velocidade. "Tem
uma série de medidas que poderiam ser feitas que fariam com que aquele
cruzamento fosse mais sinalizado."
André Pasqualini, da ONG CicloBR, afirma que o semáforo para
ciclista deveria ficar antes do cruzamento, não depois. "Tem essa falha de
sinalização", diz ele, que também critica o excesso de conversões na via.
Para Pasqualini, no entanto, seria fundamental capacitar
melhor os motoristas de ônibus. "Por mais que a ciclista estivesse errada,
um motorista experiente teria totais condições de evitar esse tipo de
acidente", disse.
Questionada sobre possíveis mudanças no cruzamento, a CET
(Companhia de Engenharia de Tráfego) não respondeu. Afirmou lamentar o acidente
e aguardar a investigação para esclarecer as circunstâncias.
Para especialistas de trânsito, a ampliação das ciclovias
resultará naturalmente em mais acidentes. "Há uma exposição ao risco
maior, mesmo que as ciclovias sejam sinalizadas e preparadas", disse
Horácio Figueira, mestre em transportes pela USP.
Luiz Célio Bottura, ex-ombudsman da CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego), diz que acidentes e mortes tendem a crescer, até pela
fragilidade das bicicletas. "Ciclista não tem para-choque. O para-choque é
ele mesmo."
LUTO
A agência de modelos Joy Model Management, para a qual Mariana trabalhava, lamentou a morte em sua página na internet e nas redes sociais. A agência destacou que a modelo, natural de Soledade (a 225 km de Porto Alegre), era uma profissional "gentil, amável, promissora."