01/10/2014 07:15 - O Estado de SP
SÃO PAULO - A Prefeitura de São Paulo iniciou na sexta-feira
uma série de intervenções para incentivar paulistanos a ocupar as áreas da
região central que permanecem vazias nos fins de semana. Batizado de Centro
Aberto e feito com consultoria do escritório dinamarquês Gehl Architects, o
projeto quer ser o embrião para a transformação de pontos como o Largo do
Paiçandu, a Avenida São João, o Pátio do Colégio, a Rua 25 de Março e o Largo
de São Francisco em calçadões abertos a pedestres, ciclistas e ônibus e fechados
para os carros durante sábados e domingos.
Os Largos do Paiçandu e de São Francisco receberam cadeiras
de praia, banheiros públicos, bicicletários, atrações musicais, karaokê,
aparelhos de ginástica, Wi-Fi e, nos fins de semana, feirinhas gastronômicas,
entre outras atividades para tentar trazer a população para as regiões.
Nos próximos dois meses, os frequentadores desses espaços
vão poder fazer propostas para a Prefeitura, apontando como queriam que fossem
os locais. ‘É um convite para que o cidadão se aproprie da região central da
cidade”, informa o site sobre o Centro Aberto, colocado no ar na segunda-feira.
O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando
de Mello Franco, explicou que o projeto é um "laboratório” para decidir quais
serão os critérios finais para a revitalização do centro proposta tratada como
prioritária pela gestão Fernando Haddad (PT).
"Em vez de a gente fazer audiência, decidir por fazer e não
dar certo, a gente quer um processo de mais de uma etapa. Primeiro um diálogo,
que foi feito com agentes locais, Associação Comercial, coletivos, para
entender o que poderia ser feito para requalificar o centro, e depois fizemos
esse piloto”, afirmou Franco.
"Não é uma coisa de renovar o piso desses espaços. É mudar
as formas de uso. Estamos criando programas para testar, ver a aderência da
população, e monitorando como esses espaços estão sendo apropriados. No fim do
processo, vamos sentar com todos novamente para decidir qual será o projeto
final”, explicou o secretário.
Anhangabaú. O
Vale do Anhangabaú deve ser o local que receberá mais intervenções, que devem
começar a ser instaladas nas próximas semanas. O modelo que orienta a ação é a
intervenção feita na região da Times Square, em Nova York. A cidade fechou o
acesso para veículos no entorno do ponto, com melhorias para pedestres e o
comércio.
"Tem muita gente envolvida nesse processo. Comerciantes e
moradores com ideias diferentes. Na Rua 25 de Março, por exemplo, os lojistas
já se manifestaram contrários ao fechamento das vias (do entorno)”, afirmou o
secretário.
O escritório Gehl Architects, que assina o projeto, é
responsável pelas ciclovias de Copenhague. Por ora, o projeto é financiado pelo
Banco Itaú só a ação final será custeada pela Prefeitura. "Ainda há outros
projetos-piloto. No Anhangabaú, será mais complexo”, disse Franco, que lembrou
que, em Nova York, as estruturas temporárias acabaram ficando permanentes nas
ruas.
Opções. O
urbanista Benedito Lima de Toledo disse que a escolha que será feita pelo
paulistano deve virar uma marca. "Será a opção por mais espaços de circulação
ou mais espaços de convivência.” Já o vice-presidente da Associação Comercial
de São Paulo, Antonio Carlos Pella, afirmou que o centro precisa de espaços de
convivência. "Nossa cidade tem de se humanizar mais. E o centro precisa ser
resgatado.”