15/04/2014 07:05 - Estado de Minas / O Tempo / Aqui
Leia também: Passageiros de linhas integradas ao
BRT/Move se preocupam com horários - Estado de Minas
A integração de novas linhas ligando bairros à Estação São
Gabriel, na Região Nordeste de BH, já sobrecarrega o transporte rápido por
ônibus BRT/Move. Ontem, no primeiro dia útil da expansão do sistema, inaugurado
há um mês, passageiros enfrentaram problemas semelhantes aos dos coletivos convencionais,
como superlotação e atrasos. Os transtornos são notados mesmo depois do
incremento de 55% nos ônibus da frota, como anunciou a BHTrans. As linhas 5523A
(Conjunto Paulo VI) e 5508 (Aarão Reis via Minaslândia), que iam até o Centro,
foram transformadas nas alimentadoras 815 e 734, respectivamente, com destino
ao terminal São Gabriel. Passageiros questionam se o tempo ganho com o BRT no
corredor exclusivo da Avenida Cristiano Machado vale o esforço e a espera das
repetidas trocas de ônibus. Até o mês que vem, mais 17 itinerários passarão por
mudanças no corredor.
O problema começa logo nas saídas dos bairros. Apesar de o
despachante da linha 815 informar que o maior intervalo entre as viagens no
horário de pico da manhã era de seis minutos ontem, houve quem disse ter
esperado mais de um quarto de hora pelo embarque. Já na chegada à estação,
outro gargalo: a fila para a compra do cartão do BRT. "Dezenas de pessoas
chegam de uma só vez, com pressa, e só há uma pessoa no guichê. É estressante,
porque se o passageiro perde o ônibus por causa da fila, ele só consegue pegar
outro 15 minutos depois”, afirma a representante comercial Maria do Carmo
Santos da Silva, de 51 anos, que cobra mudanças: "Até para o funcionário do
sistema é ruim, pois ele fica sobrecarregado”.
Aliado a isso, faltam informações sobre o terminal – onde
embarcar, como comprar a passagem ou qual direção seguir –, o que também gera
atrasos para quem está na corrida contra o tempo e precisa viver a saga da
baldeação. Com expressão nervosa e de olho no relógio, a auxiliar
administrativa Leila Pereira Miranda, de 26, já sabia que se atrasaria para o
trabalho, no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul.
Moradora do Conjunto Paulo VI, ela disse ter saído de casa
no horário de sempre, mas ficou no ponto 15 minutos à espera da linha 815, e
mais 15 para embarcar no BRT. "Não vejo vantagem. Achei péssimo. Além dos 30
minutos que gastei com o primeiro ônibus e com o Move, vou ter que esperar
outro ônibus no Centro. Quanto tempo isso vai demorar?” Leila chegou ao serviço
com atraso de meia hora.
A baldeação também mudou a rotina de quem trabalha na Savassi.
Apesar de ter sido criada como um itinerário que atende a região, a linha 82
(Estação São Gabriel/Região Hospitalar) não agradou a quem se dirige a aquele
destino. Caso da vendedora Aparecida Lopes Quirino, de 44, que mora no São
Gabriel e trabalha na Rua Fernandes Tourinho, na Savassi. "Mesmo que eu
economize tempo na Cristiano Machado, de BRT, vou andar sete quarteirões para
chegar à loja. Se pego outra condução no Centro, tenho que esperar. É muito
tempo perdido com baldeação.”
Dentro da recém-criada linha 734, a desinformação também era
grande. A assistente administrativa Valéria Soares, de 45, moradora do Bairro
Aarão Reis, na Região Norte, diz que o tempo gasto na troca de ônibus pode não
compensar o trajeto com o Move. "Vou ter que pegar três ônibus. Antes, eram
dois.” Outro passageiro, o vigia Marcos Fernandes, de 51, teme a extinção de
mais linhas no bairro: "Eles não fazem qualquer consulta ao povo antes de
mudar”.
SUPERLOTAÇÃO
Não só o tempo gasto na viagem, mas a disputa para entrar
nos coletivos do BRT também irrita os passageiros. Antes mesmo da parada do
Move na plataforma, uma multidão já está à espera. Os ônibus ficam lotados e
nem todos conseguem entrar. Há até quem embarque e saia logo do veículo para
esperar o próximo e tentar viajar menos apertado.
"Precisam pôr mais ônibus e diminuir os intervalos. Hoje
(ontem) estou com tempo e posso esperar, mas quando estiver com pressa?”, diz o
porteiro Nelson Martins, de 41, que embarcou no terminal São Gabriel, na linha
83D, com destino ao Centro. Segundo a BHTrans, as linhas do 83D, 83P e 82 do
sistema Move foram ampliadas em 55%, totalizando 55 veículos.
Mas há também quem esteja se beneficiando com o sistema. São
pessoas que têm a região central como destino e andam poucos quarteirões até o
trabalho. A vendedora Joseni Marques Silva, de 29, é uma delas. Apesar da
baldeação da linha alimentadora, que vem do São Gabriel, onde mora, para o BRT,
ela diz estar ganhando tempo: "Antes, ficava até duas horas para ir ao Centro.
Agora, 40 minutos, no máximo”
PONTOS NEGATIVOS
= Superlotação das linhas 83P (paradora) e 83D (direta), que
ligam Estação São Gabriel ao Centro
= Baldeação atrasa as viagens e gera desgaste
= Falta de sincronia entre horários das linhas alimentadoras
e o BRT
= Fila para comprar o cartão na Estação São Gabriel
= Falta de informação nas estações
= Obras em curso na Estação São Gabriel
PONTOS POSITIVOS
= Ônibus modernos e com ar-condicionado
= Rapidez no trajeto entre a Estação São Gabriel e o Centro
Porta aberta
Defeito em um dos ônibus do BRT deixou passageiros
assustados ontem. Uma porta do coletivo que saiu às 8h50 da Estação São
Gabriel, com destino ao Centro, se abriu duas vezes. A primeira ainda na
estação e o próprio motorista a fechou. Depois, na Cristiano Machado e, com o
carro em movimento, o condutor pediu aos passageiros para fechá-la. "Deu medo.
A gente já anda tão irritada com a precariedade do transporte público que
qualquer coisa, ainda que pequena, nos irrita”, diz o auxiliar de serviços
gerais Antônio José Marques, de 45 anos.
O Tempo - BH
Move opera com ônibus lotado
O primeiro dia útil da nova fase do Move (nome dado ao BRT
da capital) foi de quadro de horário reforçado, que garantiu agilidade, mas não
evitou ônibus lotados e reclamações por parte dos usuários. A principal mudança
nessa nova etapa foi a integração das linhas 5523A (Conjunto Paulo VI) e 5508
(Aarão Reis, via Manacás). Esses coletivos, que antes iam até o centro, agora
se transformaram em alimentadores, levando os passageiros do bairro até a
Estação São Gabriel para que eles terminem a viagem de Move.
A baldeação irritou a maioria dos usuários das antigas
linhas. A doméstica Aparecida das Dores, 49, sai todo dia do bairro Paulo VI,
na região Nordeste da capital, com destino ao centro. Como ela pega o ônibus no
ponto final, ia sentada durante todo o trajeto. Agora, reclama que tem que
descer no meio do caminho e entrar em um ônibus lotado para chegar até seu
destino. "Ainda não sei se vou chegar mais rápido, mas terei menos conforto
tendo que ir de pé no restante do trajeto”, desabafou a passageira.
Com essa nova etapa, houve um incremento de 23 mil novos
usuários por dia no Move. Para atender essa demanda, o número de viagens da
linha 83D (Estação São Gabriel/ centro direta) aumentou 73%, passando de 75
partidas diárias para 130. O intervalo entre uma viagem e outra no horário de
pico chegou a ser de seis minutos. Porém, mesmo com o reforço, os coletivos
saíam lotados da estação. "Cheguei aqui, mas no primeiro ônibus não deu para
entrar. Estava muito cheio. Agora vou esperar o próximo para ver se está mais
tranquilo”, disse a estudante Jennifer de Paula, 17. Apesar de esperar por mais
um ônibus, ela destacou que pelo menos vai gastar menos tempo para chegar ao
estágio. "Mais rápido é, sim, porque com congestionamento chego a gastar duas
horas no trânsito”.
Ganho. A reportagem de O TEMPO fez o percurso do Conjunto Paulo
VI até o centro e gastou uma hora e 11 minutos. Do ponto final da linha 815,
que substituiu a 5523A, até a Estação São Gabriel foram 38 minutos. Após descer
na estação e entrar no Move, foram mais 12 minutos. Já da Estação São Gabriel
até o centro foram mais 21 minutos, sendo sete deles em manobras dentro do
próprio terminal. Os usuários da antiga linha afirmam que gastavam cerca de uma
hora e meia até o cento.
A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte
(BHTrans) informou que monitora permanentemente a operação do Move e promove
ajustes, sempre que necessário, utilizando a frota de ônibus articulados à
disposição. Nesta segunda, foram usados 34 veículos, 55% a mais do que os utilizados
na primeira fase do sistema.
Hospitais
Obras. Começam nesta terça as obras de implantação do terminal
do Move metropolitano na avenida Bernardo Monteiro. A estrutura será erguida
entre as avenidas dos Andradas e Francisco Sales.
Segunda etapa do Move
O que funcionou:
Pontualidade. Os ônibus das novas linhas alimentadoras não
apresentaram atrasos e saíram de três em três minutos, nos horários de pico. Já
na Estação São Gabriel, a cada intervalo de quatro minutos, saía um coletivo
com direção ao centro, intercalados entre as linhas 83D e 83P (São
Gabriel/centro - paradora).
Agilidade no Corredor. O Move não teve problemas em circular
nos corredores. Para percorrer toda a pista exclusiva da avenida Cristiano
Machado, entre a Estação São Gabriel e o túnel da Lagoinha, o ônibus da linha
83D gastou cerca de sete minutos. Nesse percurso, a velocidade média foi de 58
km/h.
O que não
funcionou:
Filas. Mesmo com o movimento maior, o número de atendentes nos
guichês foi o mesmo – dois – resultando em filas.
Desorganização. Não há fila preferencial para idosos e pessoas
com deficiência entrarem nos ônibus do Move. Quando o coletivo se aproxima da
plataforma, os passageiros se empurram para conseguir sentar.
Ônibus noturnos. As linhas extintas circulavam de madrugada,
mas a Estação do Move fecha 0h. A BHTrans informou que os usuários contam com
outras linhas que continuam a circular à noite, mas os passageiros não foram
informados.
Jornal Aqui - MG
Problemas se repetem
A integração de novas linhas que ligam bairros à Estação São
Gabriel já sobrecarrega o transporte rápido por ônibus BRT/Move. Ontem, no
primeiro dia útil da expansão do novo sistema, inaugurado há um mês,
passageiros enfrentaram velhos problemas dos coletivos convencionais, como
superlotação e atrasos. Os transtornos são notados mesmo depois do incremento
de 55% nos ônibus da frota, como anunciou a BHTrans. E, agora, usuários ainda
se deparam com desafios diferentes, obrigados a conviver com a baldeação na rotina.
As linhas 5523A (Conjunto Paulo VI) e 5508 (Aarão Reis via Minaslândia), que
iam até o Centro, foram transformadas nas alimentadoras 815 e 734,
respectivamente, passando a ir apenas até o terminal São Gabriel. Passageiros
questionam se, na ponta do lápis, o tempo ganho com o BRT no corredor exclusivo
da Avenida Cristiano Machado vale o esforço e a espera das repetidas trocas de
ônibus. Até maio, mais 17 itinerários passarão por mudanças no corredor.
O problema começa logo na saída do bairro. Apesar do
despachante da linha 815 informar que o maior intervalo entre as viagens no
horário de pico da manhã era de seis minutos ontem, houve quem disse ter
esperado mais de 15 minutos para conseguir embarcar. Já na chegada à estação,
outro gargalo: a fila para compra do cartão do BRT.
Aliado a isso, falta de informações sobre o terminal – onde
embarcar, como comprar a passagem ou qual direção seguir – também gera atrasos
para quem precisa viver a saga da baldeação. Apesar de ter sido criada como um itinerário que atende a região, a
linha 82 (Estação São Gabriel/Região Hospitalar) não agradou quem precisa ir
para aquele destino. Caso da vendedora Aparecida Lopes Quirino, de 44 anos, que
mora no São Gabriel (Nordeste) e trabalha na Rua Fernandes Tourinho, na Savassi.
"Mesmo que eu economize tempo na Cristiano Machado, indo de BRT, eu vou andar
sete quarteirões para chegar à loja? Aí pego outra condução no Centro e tenho
que ficar esperando. É muito tempo perdido com essa baldeação”.
Mas também já há quem esteja se beneficiando do novo
sistema. São pessoas que têm a área Central como destino ou descen no
Hipercentro e andar poucos quarteirões.
Não só o tempo gasto na viagem, mas a disputa para entrar
nos coletivos do BRT também irritou os passageiros. Antes mesmo da parada do
Move na plataforma, uma multidão já estava à espera. Os ônibus ficam lotados e
nem todos conseguem entrar.